O Apagão Digital da Coreia do Sul: Quando um Data Center Estatal Para

Em 26 de setembro de 2025, a Coreia do Sul sofreu um evento crítico: um incêndio no National Information Resources Service (NIRS, Daejeon) paralisou grande parte da administração pública do país. Em poucas horas, mais de 600 serviços digitais ficaram fora do ar.

Hoje, semanas depois, o caso continua em destaque, não apenas pelo impacto sobre os cidadãos, mas também pela fragilidade da infraestrutura e pelas enormes lições que deixa para todo o setor de Data Centers.

Cronologia de uma Catástrofe Digital

  • 26–27 set.: Um incêndio eclode no NIRS de Daejeon, aparentemente causado pela explosão de uma bateria de backup durante manutenção. O fogo é extinto no dia seguinte, mas a sala fica inutilizada. O nível de alerta cibernético é elevado.
  • 28–30 set.: Inicia-se a migração apressada de serviços para a unidade de Daegu. Nesse momento, menos de 10% dos sistemas estavam online.
  • 6–7 out.: O governo confirma que apenas 25% dos serviços (163 de 647) foram restaurados. Relatórios indicam 96 sistemas gravemente danificados e perda potencial de até 858 TB de dados.
  • 10 out.: Após duas semanas, a maioria das plataformas governamentais continua inoperante, com previsão de recuperação total em várias semanas..

Serviços Afetados

O alcance foi nacional. Entre os mais prejudicados:

  • Identidade digital e verificação móvel.
  • Correio eletrônico do governo.
  • Pagamentos e transferências do correio.
  • Emissão de passaportes.
  • Processos imobiliários.
  • Plataformas de assistência social.

Milhões de cidadãos tiveram interrompidos processos cotidianos antes considerados garantidos.

A Magnitude da Perda

Embora ainda haja investigações em andamento, estimativas apontam para centenas de terabytes de dados governamentais perdidos de forma permanente. Esse número evidencia não apenas o dano físico do incêndio, mas também a falta de uma estratégia sólida de backup e recuperação.

Como Isso Poderia Ter Sido Evitado?

As lições se aplicam a qualquer Data Center, público ou privado:

    Redundância ativa-ativa: para que a falha de um site não resulte em colapso total.

    Backups imutáveis e testados: não basta armazenar, é preciso restaurar em testes               reais.

    Segurança em salas de baterias: aplicar normas específicas para Li-ion (NFPA 855, IEC         62933).

    Testes de caos e “game days”: treinar a infraestrutura para falhar de forma controlada.

    Governança de dados: classificar criticidade e definir RTO/RPO claros para cada                      serviço.

A Peça que Faltava: um DCiM

Aqui entra o DCIM (Data Center Infrastructure Management):

  • Visibilidade em tempo real: identificar riscos antes que se tornem críticos.
  • Alarmes preditivos: antecipar falhas em baterias ou UPS.
  • Resposta automatizada: comutação de cargas e reorganização de recursos sem depender da ação humana.
  • Integridade dos dados: rastreabilidade e validação de cópias para garantir que nenhuma informação se perca.


Um DCIM não evita um incêndio, mas evita que um incidente local se torne um apagão nacional.

Checklist de Prevenção para Data Centers

Para que este caso não se repita em outro país ou empresa, aqui está uma lista prática de medidas-chave:

Infraestrutura elétrica & segurança
  • Revisar instalações de baterias (Li-ion, UPS) conforme normas específicas (NFPA 855, IEC 62933).
  • Separar fisicamente salas críticas de energia do restante do Data Center.
  • Implementar sistemas avançados de detecção precoce de fumaça e gases em BESS.
Resiliência operacional
  • Projetar arquiteturas multi-site ativa-ativa com failover imediato.
  • Estabelecer planos de continuidade com RTO/RPO diferenciados por criticidade.
  • Realizar periodicamente testes de caos e simulações de recuperação..
Gestão de dados
  • Aplicar a estratégia de backup 3-2-1-1-0: três cópias, dois meios, uma off-site, uma imutável e zero erros verificados.
  • Verificar regularmente a restauração de cópias em ambientes de teste.
Gestão & monitorização (DCiM)
  • Monitoramento em tempo real de ativos e consumo.
  • Alarmes preditivos para condições anômalas (temperatura, bateria, carga).
  • Automação da comutação de cargas e redistribuição de recursos.

O incêndio do NIRS não é apenas um acidente isolado: é um lembrete de que a gestão de Data Centers requer visão integral e resiliência. A Coreia do Sul, líder em tecnologia, viu como uma falha física se transformou em uma crise digital nacional.

A lição: investir em redundância, backups reais e DCIM não é opcional; é a única forma de garantir que, mesmo no pior cenário, o serviço nunca pare.


Demon Hunter: Do Fenômeno Cultural ao Coração Oculto que o Sustenta